Manejo de plantas de cobertura

Diversos serviços ecossistêmicos são prestados pelas plantas de cobertura de solo, que atuam como ferramentas de diversificação ambiental, aumentando as funções benéficas ao sistema solo-planta, principalmente pela minimização de distúrbios no solo, melhorando a cobertura vegetal e estimulando a biodiversidade e atividade biológica do solo (Sanderson et al., 2013).

As contribuições ao sistema de produção ocorrem por vários aspectos, desde a deposição de resíduos vegetais acima e abaixo do solo (sistemas radiculares), caracterizados por diversificação na relação carbono e nitrogênio (C/N), o que contribui para os estoques de C no sistema e ciclagem nutricional, além da exsudação radicular das plantas que é fator primordial para a conexão planta-microbiota (Franzluebbers, 2010; Alvarenga et al., 2001).

Além destes pontos considera-se os benefícios relacionados a maior infiltração de água, evitando o selamento superficial em decorrência da força exercida pela gota de chuva, a menor desagregação do solo e consequente perda por escorrimento superficial, redução de variações intensas da temperatura, principalmente na camada superficial do solo, o efeito na supressão de pragas e doenças devido ao estímulo dos microrganismos do solo, para a formação de rizosfera ativa, com biodiversidade e equilíbrio, além de quebrar o ciclo da cultura de interesse econômico o que é promissor para a dinâmica ambiental do sistema de produção (Ambrosano et al., 2005).  

A camada de palha advinda da parte aérea das plantas de cobertura e a massa de raízes, são transformadas biologicamente, primeiramente por sua fragmentação e posteriormente, sua mineralização basicamente pela atividade enzimática de microrganismos, constituindo-se como bioindicadores de qualidade do solo (Mendes et al., 2018).

As plantas de cobertura são utilizadas em vários momentos ao longo do cultivo, seja em rotação, sucessão ou consórcio com as plantas de interesse econômico, soja ou milho, por exemplo. É interessante observar a resposta que se busca com a inserção de determinada planta de cobertura para a cultura subsequente, e assim selecionar a espécie ou as espécies vegetais que são adaptadas as condições edafoclimáticas e que irão proporcionar estes resultados. Sempre buscando compreender como serão os aspectos funcionais quando se adiciona determinada planta de cobertura (leguminosa e/ou gramínea) no sistema com relação ao resíduo que foi depositado no solo referente a cultura anterior (Alvarenga et al., 2001).

A biodiversidade microbiana tem uma relação direta com a diversidade de fontes de carbono, devido aos exsudatos e resíduos orgânicos que são depositados no solo. As plantas de cobertura estimulam grupos de microrganismos que são capazes de realizar serviços agro ecossitêmicos importantes, como por exemplo ciclagem de nutrientes, fixação biológica de nitrogênio (FBN), proteção de plantas (supressão de patógenos de solo) e estruturação de solo, tornando-se uma ferramenta de manejo que aliada a outras tecnologias com certeza serão muito positivas aos sistemas agrícolas brasileiros.

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<strong><span style="color:#007d36" class="has-inline-color">Dorotéia Alves Ferreira</span></strong>
Dorotéia Alves Ferreira

Engenheira agrônoma (UFG, Campus Jataí)
Mestre em Produção Vegetal, com dissertação em Microbiologia do Solo (UFG, Campus Jataí)
Doutora em Ciências, concentração em Solos e Nutrição de Plantas e tese em Microbiologia do Solo (ESALQ/USP, Piracicaba – SP
Parte da pesquisa da tese desenvolvida no grupo de Ecologia Microbiana na Universidade de Groningen (Groningen, Holanda)
Artigos publicados, participação em eventos nacionais e internacionais e palestras ministradas na área de Microbiologia do Solo.

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