Efeitos do Estresse em Vegetais

O metabolismo dos vegetais é influenciado diretamente pela temperatura, que a depender da austeridade pode desestabilizar a célula vegetal. O aquecimento das folhas altera o equilíbrio celular, e quando severo, pode promover atraso do crescimento e desenvolvimento vegetal, acelera maturidade fisiológica e causar até mesmo a morte celular, o que no cenário agrícola pode significar perdas expressivas de produção (NAGARAJAN; NAGARAJAN, 2010).

Altas temperaturas reduzem a atividade fotossintética, pela inativação térmica de enzimas, dissecação de tecido e fechamento dos poros dos estômatos das folhas. Em temperatura acima de 30 °C, principalmente em plantas com metabolismo C3, a taxa fotossintética cai antes da respiratória, fazendo com que a fotossíntese não realoque o carbono perdido na respiração de substratos, o que resulta no declínio dos carboidratos de reserva que seriam destinados para os frutos, resultando em perda de qualidade (LOPES; LIMA, 2015). Estimativas mostram que a cada grau de temperatura médio no ciclo de desenvolvimento ótimo, pode ocorrer perda de rendimento de até 17% (LOBELL; WOSCHLENKER; COSTA-ROBERTS, 2011).

O uso de bioestimulantes vegetais, como, aminoácidos, extratos de algas e carboidratos tem sido utilizado em larga escala nos pomares e lavouras para atenuar estresses, principalmente, abióticos. Possibilitando que as plantas expressem seu potencial genético, alcançando altas produtividades. Vele ressaltar que os fatores de produção (irrigação, adubação, controle fitossanitário, entre outros) precisam está ajustado.

Aminoácidos

Os aminoácidos são uma realidade na agricultura já há algum tempo. Essas moléculas
apresentam características estruturais comuns entre elas, diferenciando apenas um radical chamado genericamente de R, que determina a diferença entre essas biomoléculas. As plantas são capazes de sintetizar os 20 aminoácidos essenciais para a sua sobrevivência.

Aminoácidos desempenham várias funções nas plantas, como: síntese de proteínas, são
compostos intermediários dos hormônios vegetais endógenos, tem efeito complexante em nutrientes e outros agroquímicos, promovem maior resistência a estresses abióticos (estresse hídricos e altas temperaturas) e biótico (ataque de pragas e doenças). O conhecimento das funções de cada aminoácido ou combinações deles na planta, permite manobras para obter respostas especificas através de aplicações exógenas, como maior uniformidade e velocidade de brotação, maior enraizamento, aceleração na maturação de ramos e frutos e atenuação de estresses no momento mais delicado para a planta (florescimento).

Extrato de Algas

Nas últimas décadas aumentou significativamente o uso de extratos de algas na agricultura. Das várias espécies de algas, a Ascophyllum nodosum, é a mais difundida, por ser eficiente no melhoramento de processos fisiológicos fundamentais nos cultivos, tais como a atividade fotossintética, absorção de nutrientes, desenvolvimento radicular, melhoria na resistência a estresses abióticos (TALAMINI; STADNIK, 2004). Sua matriz orgânica é composta por macro e micronutrientes, aminoácidos, oligossacarídeos e hormônios vegetais, os quais potencializam o metabolismo celular, consequentemente o crescimento e rendimento agronômico (CROUCH; VAN STADEN, 1992; REITZ; TRUMBLE, 1996).

O efeito antiestresse, principalmente abiótico é o benefício que mais se destaca com o usa de Ascophyllum nodosum na agricultura. Produtos à base de extrato de algas estimulam atividade de várias enzimas do sistema antioxidante, bem como a síntese de osmólitos compatíveis, necessário para tolerar mais eficientemente aos estresses (CASTRO; CARVALHO; MENDES; ANGELIN, 2017).

Carboidratos

Aplicações de fontes de açucares é utilizado visando otimizar a tolerância de plantas aos
estresses. Açucares solúveis como sacarose apresentam efeito antioxidante (KUENEN et al., 2013). Esses carboidratos têm seus níveis elevados em caso de estresse e estão, intimamente, ligados a manutenção da homeostase celular pelo controle de espécies reativas de oxigênio (EROs) geradas (COUÉE et al., 2006). Dessa maneira, o acúmulo de açucares solúveis está relacionado ao aumento da tolerância a diferentes estresses abióticos. A função antioxidante dos açucares está relacionada à neutralização de EROs, principalmente radicais hidroxila.

A aplicação exógena de sacarose aumentou a expressão de genes relacionados a síntese de amido, aumentou o conteúdo de clorofila, a taxa fotossintética, a transpiração, condutância estomática, levou ao aumento de açucares solúveis (AHN et al., 2010; BAUD; PEZESHKI, 2013; MENG et al., 2013), além da ativação do mecanismo osmorregulação (KONGAKE et al., 2012) melhorando os mecanismos de ajuste osmótico, mantendo atividade das enzimas do sistema antioxidante (ALI; ASHRAF, 2011).

Confira os assuntos debatidos em live no nosso canal do Youtube.

Manejo fisiológico de plantas para atenuar estresses

Escute também nosso Podcast discutindo sobre o tema.

Deixa as dúvidas ou sugestões nos comentários.

<strong><span style="color:#007d36" class="has-inline-color">Conrado Dias</span></strong>
Conrado Dias

Engenheiro Agrônomo formado pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf)

Deixe uma resposta